Depressão

Somente por hoje

Não desista de você.
Quando está doendo o viver.

Somente por hoje,
abandone a luta.

Respire.
Sinta o sangue nas veias a pulsar.

Silencie o pensar.
Se permita no silêncio repousar

E amanhã, se ainda doer?

Toda dor, meu bem,
[e toda "des-dor"] é no agora.

Amanhã ainda não existe.

Mas quando ele (o amanhã) chegar,
você terá a oportunidade de escolher recomeçar:
a vida ou esse poema.

Somente por hoje.


Há uma máxima utilizada nas reuniões dos alcoólicos anônimos que diz: "Só por hoje... eu vou evitar o primeiro gole". Essa é uma ferramenta para a vida toda. Eu tive meu primeiro contato com ela ainda criança, por volta dos 7 a 8 anos, quando meu pai frequentava as reuniões do AA.

Havia uma reunião específica para os familiares, na qual fui uma ou mais vezes (não sei ao certo). Mas lembro como se fosse hoje o que eu via e sentia. Havia um ar de tristeza (e esperança), mas ali todos estavam escolhendo viver, apesar da dor.

Eu já entendia o que significava a escolha diária da sobriedade, mas somente depois de muitos anos (décadas), aprendi a utilizar a afirmação para minha própria sobrevivência, não por dependência química, mas por dores existenciais tão destrutivas quanto.

Foi quando entendi que viver é um aglomerado de dias, bons ou ruins, vividos um de cada vez.

Nos dias em que é doloroso viver, eu afirmo:

Somente por hoje eu escolho viver, me acolhendo e me aceitando, doa o quanto doer.

Pois a cada dia bastam as suas próprias dores e prazeres. É vivendo um dia de cada vez que completamos a missão que nos cabe nesta louca, porém profunda e valiosa jornada humana.

D.C.B♡ via A.D.A

Quando foi que você deixou de fazer o que ama?

A água e a gota de óleo.

É necessário dissociar memórias dolorosas das coisas que amamos. Caso contrário, perderemos aos poucos a alegria e viver, pois essas memórias irão sujar a vida, assim como uma gota de óleo suja um copo de água.

Por incrível que pareça, a água no copo é abundante, enquanto a gota de óleo é mínima. Mas uma vez que a tenhamos enxergado, a água parecerá suja para nós. Já não nos concentraremos na água abundante, mas na incômoda gota de óleo boiando nela.

Acontecimentos dolorosos criam memórias que permanecem associadas a coisas que amamos fazer e pessoas com quem gostamos de estar.

Você ama seu trabalho, sua família, seus amigos, seus hobbies e eles te alimentam a alma. Mas parece que eles se tornaram um fardo, e agora é um martírio continuar ali, pois sua água, antes fonte de vida, está comprometida. E então, você aos poucos vai deixando de beber a água que te mantém vivo.

A água é o que nos dá fonte de vida, e o óleo são as memórias dolorosas que são criadas no decorrer da nossa existência. Mas o óleo não se mistura à água. Nós podemos tirá-lo com uma colher e a água permanecerá limpa como antes.

Mas se não limparmos o óleo, no dia seguinte poderá surgir outra gota, e outra, até que o trabalho de retirá-lo fica ainda maior. Então vamos olhar para a água e só enxergaremos o óleo nos impedindo de matar a sede.

Por isso, todos os dias devemos limpar as memórias dolorosas, deixando a água limpa para continuar nos servindo de fonte de vida.

Limpar as memórias não significa apagá-las, mas sim tirar delas a carga emocional negativa sem ser necessário esquecer.

Existem muitas formas de limpar memórias dolorosas, que podemos adotar no nosso dia a dia. Técnicas de limpeza energética ou emocional, como por exemplo o EFT, Hooponopono, Prana, Reiki e tantas outras. Isso tudo além de um acompanhamento terapêutico, quando a situação está fora do nosso controle.

Faça o que for necessário, mas volte a beber da água que te dá vida. Volte a cantar, dançar, escrever, amar, criar ou o que mais te faz sentir vivo. Foi pra isso que você veio.

Ada.

Sementes da nova era

É porque você passou muito tempo tentando se mudar para se sentir aceito. Mas no fundo isso nunca aconteceu. Nem você conseguiu se mudar, nem os outros conseguiram te conhecer completamente.

Porque você veio mesmo pra ser o que é. Essa pessoa estranha, desencaixada, desconexa, nobre alma portadora das sementes da nova era.

Lutar contra isso a vida toda te tirou do fluxo, te fez sentir desconectado da Fonte e isso levou a um esgotamento. Então sua essência se cansou de ser reprimida e se manifestou como ferida. Deixe-a doer. Enquanto dói, ela mostra onde quer ser acolhida, compreendida e curada.

A única aceitação possível é aquela que vem de dentro. Aceite-se e assuma sua missão.

D.C.B.

Porque você veio mesmo pra ser o que é. Essa pessoa estranha, desencaixada, desconexa, nobre alma portadora das sementes da nova era.

Imagem: Pixabay

A comparação da dor

Quando utilizamos uma cena de desgraça ou sofrimento como comparação com a situação de alguém que consideramos estar reclamando sem motivos, com intuito de mostrar que este não deveria reclamar por estar em melhor situação que o exemplo utilizado, estamos cometendo duas injustiças.

A primeira, julgar o sofrimento de alguém sem lançar mão de empatia e compaixão.

A segunda, por impor a essa pessoa sofrimento ainda maior, induzindo-lhe a sentir culpa pela infelicidade de outro, sem que ela nada tenha feito que contribuísse com tal cenário.

Não há dor maior do que aquela que cada um está sentindo naquele momento. Dores não são comparáveis e, portanto, não se julgam, sendo elas físicas ou não.

Somente um olhar empático faz de nós, seres humanos, instrumentos de cura.
Não viemos para julgar, viemos para amar.

D.C.B
Imagem: Pixabay

O templo sagrado

Depressão é um passaporte que dá acesso a uma viagem para um mundo desconhecido e assustador. É nesse mundo que o viajante se depara com suas mais temidas sombras. Ele é desafiado a encarar, compreender e aceitar cada uma delas como partes de seu próprio ser. Um processo lento e doloroso de descoberta e reencontro com sua essência. Inseparáveis: luz e sombra, coexistindo sem serem julgadas ou reprimidas.

Caso tenha compreendido o processo, ao final dele, luz e sombra se complementam e revelam uma linda construção arquitetônica, um espaço sagrado que apenas aguardava o retorno de sua única divindade: seu Eu Superior. O templo sagrado da sua chama divina onde se encontra toda a fonte de vida e sabedoria. E então, tendo retomado o poder e a consciência de quem é, o viajante pode retornar ao mundo exterior para continuar sua jornada.

Mas o templo continua lá: indestrutível, perfeito, acolhedor, seguro e reconfortante, aguardando seu retorno a qualquer momento que desejar.
O mundo real é o que está dentro. O exterior é apenas uma participação especial que fazemos num mundo irreal onde temporariamente compartilhamos nossa essência com outras almas também divinas, vivenciamos experiências para a nossa expansão consciencial, e com isso contribuímos com a expansão da própria consciência universal da qual somos parte inseparável.

Com amor,

D.C.B.
Ilustração: Denise Bruno
O templo sagrado - árvore do amor - depressão
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